sexta-feira, 3 de abril de 2009

RESISTIR NA SAÚDE, PORQUE?

Resistir na saúde em Portugal é uma necessidade a todos os níveis: profissionais de saúde e utentes.
Recordo com saudade a ingenuidade do nosso ex-PM António Guterres quando avalio a situação que hoje vivemos. Foi de facto ingénuo quando se referiu aos "boys for the jobs", mas explicitou publicamente a orientação da política nacional para ocupar os "jobs" (ou tachos em português).
Infelizmente não conseguiu controlar esta situação conforme prometera, porque a máquina de emprego "for the boys" tem uma força esmagadora, que ele não conseguiu dominar.
Esta tornou-se a praxis em todos os sectores da administração pública e hoje, mesmo as administrações hospitalares estão pejadas de boys, nalgumas situações enquadrados por profissionais competentes (nem sempre).
Nestas circunstâncias e na vivência do stress organizacional, surgem conflitos em que os trabalhadoras da saúde são ostracizados ou perseguidos, muitas vezes por defenderem apenas o exercício da sua missão. Estes precisam de resistir para manter o seu posto de trabalho e para garantir que podem executar as suas funções profissionais.
Transformando a gestão da saúde em gestão contabilística de gestos técnicos perde-se a essência da relação inter-profissional e da relação cuidador-utente; a humanização dos cuidados passa a fazer-se em comissões de humanização (que provavelmente nem vêm os doentes). Por esta razão, também os utentes têm de resistir (porque precisam dos cuidados profissionais).

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