Em 2001 tive de regatear na ARS do Centro a possibilidade de abrir uma vaga de quadro para um Fisiatra no Centro Hospitalar de Coimbra.
Decorriam à época as obras de remodelação do Pavilhão 7 que veio a dar lugar ao embrião do Centro de Medicina de Reabilitação do Centro. Em consequência deste facto não me foi concedida a vaga solicitada porque iria haver necessidade de fisiatras disponíveis para o CMRRC, que teria prioridade.
Embora reconhecesse o mérito da intenção, não me parecia que os dois factos pudessem ter alguma relação e que evoluiriam de modo paralelo. Disse ao então Presidente (Dr. Cabeças) que, se o Centro se transformasse de facto num Hospital especializado diferenciado e de qualidade, não teria dificuldade em encontrar recursos humanos na área da Fisiatria.
No entanto o arranque tem sido difícil, não por falta de Fisiatras, mas pelas politiquices envolventes.
Em Julho de 2006 o então Presidente do CA conseguiu que a Dra. Margarida Sizenando saísse do Centro em licença sem vencimento. Este foi o corolário de uma acção preparada com antecedência que tentou convencer uma série de médicos Fisiatras a virem ocupar o lugar que ainda não estava livre (o da Dra. Margarida). Aconteceram reuniões secretas entre o então Presidente a alguns dos protagonistas locais de MFR.
À data ninguém aceitou ser membro activo neste golpe de estado palaciano, assim como não aceitaram o desafio de ir assegurar o Serviço, depois da saída da Dra. Margarida, para evitar a rotura institucional. Chegou a ser nomeado um Director de Serviço interino (Internista) contra a vontade do mesmo.
Como última alternativa (pelas anteriores divergências com o Presidente), fui convidado a assumir a Direcção de Serviço (também numa reunião confidencial no Hotel D. Luís!!), convite que não podia recusar em consequência da minha opinião sobre o assunto.
Até à data em que tive de sair da instiuição ingressaram mais 4 fisiatras, dos quais 2 assistentes graduados e uma especialista recém formada. Destes 5 fisiatras ficaram 2, quando saí.
A actual equipa já conseguiu conquistar uma médica recém formada e uma outra, regressada de licença sem vencimento, que passou os últimos anos na indústria farmacêutica (!).
Porque é que nos momentos dificeis alguns abandonaram o barco (licença sem vencimento) e outros não aceitaram o desafio? Porque quiseram vir apenas agora?
Porque alguém fez a parte difícil de manter o barco à tona, de o pôr a navegar de modo estável (serviços a funcionar, idoneidade formativa pela OM, estabilidade no funcionamento...) e de lhe dar uma rota de confiança.
Haverá justificação para continuar a usar as pessoas e deitá-las fora, quando já não servem os desígneos pessoais dos Padrinhos e das Damas de Ferro (este procedimento não se tem aplicado apenas aos Fisiatras; veja-se o que aconteceu com os Administradores que por lá passaram). Não será possível construir aquela instituição na salutar diversidade de opiniões?
Eu que nunca quis ser importante, agradeço aos meus adversários a importância que me deram.