No sistema de saúde serve para quase tudo: desde conseguir entrar no Hospital para uma consulta ou uma cirurgia, para entrar no quadro de pessoal, obter um transferência de local de trabalho ou de instituição (como irão contornar o novo regime de mobilidade?).
Ou CUNHA será apenas uma denominação que encontramos para as felizes coincidências da vida ou para relações familiares mal interpretadas por quem está de fora (entre o nome de família de quem autoriza e o nome de família do autorizado)?
Para além das questões morais ou éticas que a CUNHA possa suscitar há um aspecto sobre as mesmas que eu gostaria de partilhar: é o dos benefícios secundários de que usufrui (!?) quem proporciona o resultado pretendido ao abrigo da cunha.
A admissão para tratamento em unidades de tratamento muito procuradas, pelo seu renome ou pela escassez, é frequentemente objecto de tentativas deste tipo de interferência, que antigamente se chamava cunha e agora se chama pressão.
Neste contexto, eu chamaria CUNHA à tentativa de entrar numa daquelas instituições num tempo considerado clinicamente útil. Eu chamaria PRESSÃO à utilização abusiva e inaceitável do poder por parte de que o detém (Director Clínico, Presidente do Conselho de Administração.....), para fazer a vontade aos seus amigos e/ou conhecidos que assim assumem uma dívida de gratidão. Orgulhosos do poder que detêm, pressionam os subalternos e servem os amigos (?), cobrando posteriormente sob a forma de uma troca de favores, seja sob a forma de uma refeição gastronómica (para quem não tem influência para executar um favor solicitado).
Em teoria, todos são contra as cunhas, todos se respeitam. Na prática, fui pressionado para satisfazer cunhas de todos os quadrantes da vida social: agricultores, juízes, deputados, ministros, colegas.... E neste campo os piores são os que mais obrigação têm de dar o exemplo: aqueles que têm mandatos políticos, são quem mais pressiona e quem mais cobra a não satisfação dos seus pedidos. A que título o Deputado Luís Vaz se deslocou ao CMRRC integrado numa Comissão parlamentar a que não pertence?
Há um momento em que deixamos de falar de CUNHA e o termo mais exacto a utilizar seria CHANTAGEM ou USURA?
É na cobrança destas dívidas de gratidão que capitalizam favores, a base duma sociedade democrática (?) e livre (?) !. Depois é a bola de neve: é imparável.
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