Os suicídios entre os quadros da France Telecom colocam na ordem do dia o novo paradigma da Gestão dos Recursos Humanos.
Poderíamos pensar que esta realidade é bem distinta da que vivemos em Portugal e daquela que vivem os recursos humanos dos hospitais portugueses. No entanto a leitura atenta da reportagem da Visão, e a analogia que fazemos de imediato com a realidade vivida diariamente nas nossas instituições hospitalares, deveria fazer-nos pensar, enquanto é tempo.
O novo regime de gestão hospitalar das EPE (que transbordou para os SPA) veio expor os hospitais às leis da concorrência, pondo em causa a cultura do serviço público.
O culto da máxima rentabilidade sacrifica os recurso humanos hospitalares, também aqui o elo mais fraco da cadeia.
O ambiente de medo vivido nas instituições hospitalares é claramente traduzido nas descrições do texto em anexo.
Seria de esperar ver Directores e ex Directores (encostados pela tutela para colocarem nos seus lugares paus mandados manietáveis) de serviços hospitalares questionarem a sua própria saúde mental?
Da teoria da conspiração passamos rapidamente à psicopatologia. Perante a inércia da comunidade hospitalar (intimidada) resta o refúgio na esperança de mudança ou na expectativa da reforma. Nunca vimos tantos profissionais qualificados em idade produtiva, deixarem a actividade hospitalar, com prejuízo claro para a instituições (embora as administrações aplaudam porque vão substituir estes recurso do topo da carreira por outros mais baratos, mais submisso e até mais produtivos (?)).
É tempo de parar esta sangria do sistema e de fazer uma gestão hospitalar baseada na lógica clínica e não numa lógica exclusivamente financeira.
É tempo de esperança, é tempo de mudança.