Há um largo consenso sobre aquilo que não queremos para o CHC. Falta agora construir um consenso sobre o caminho a seguir, alinhar os interesses pessoais, dos grupos, de áreas de intervenção, de orientações políticas para trabalharmos em equipa e manter o espírito que permitirá ao CHC crescer e continuar a ser um parceiro incontornável da saúde na Região Centro do país.
Muita coisa nos separa individualmente, mas o cimento institucional dá-me a esperança de que vamos encontrar a via que assegura a continuidade do CHC com a dignidade que merece.
Este novo CA do CHC sabe que vai ter observadores interessados e críticos que podem ser um parceiro em defesa da instituição, da qualidade do trabalho realizado e da saúde da população que nos é referenciada.
Os resultados financeiros negativos acumulados ao longo dos últimos anos não são apenas o resultado de uma má gerência. São também consequência de uma política de bolha que insistiu em produzir actos independentemente da sua adequação, da sua indicação clínica, da sua adequação ao ciclo terapêutico e mesmo de uma relação preço-custo inaceitáveis.
Aceitando que os critérios subjacentes à contabilidade analítica (que consta dos documentos públicos do CA do CHC) há indicadores absolutamente inaceitáveis e que merecem uma reflexão colectiva.
São aqueles indicadores que justificam a necessidade do reconhecimento do CA na ARS e no próprio Ministério. Ao CA não vai bastar gerir os recursos internamente, vai ser preciso defender a causa do SNS sem por em risco a prestação de cuidados, nem a viabilidade financeira da instituição.
Podemos pegar nalguns exemplos retirados do documento "Contabilidade analítica 2008 e tendências de evolução para 2009":
- Como é possível continuar a produzir "hospital de dia" financiado a 368 euros com custos de produção próximos dos 2000 euros?
- Como se pode ter um financiamento de GDHs que, nalguns casos, não cobrem o custo de produção (por margens muito grandes)?
- Foi um erro estratégico propor a criação de hospitais de dia sabendo que, por esta via, o financiamento não cobria os custos?
- Como é possível continuar a promover o aumento de produção de consultas externas que têm custos de produção claramente acima do valor financiado. Neste caso podemos questionar a pertinência destas consultas, considerando que existem alternativas loco-regionais e que muitas consultas correspondem de facto a uma multiplicação desnecessária (em termos de produto saúde) das mesmas para cumprir a contractualização.
É claro que a verba de convergência poderia cobrir as diferenças; no entanto o aumento da produção de actos com balanço financeiro negativo faz crescer mais os custos. Não haverá (no conjunto dos Hospitais portugueses) conhecimento acumulado suficiente para basearmos o financiamento institucional com base nos custos reais de produção?
Ou interessa à tutela implementar uma actividade clínica hospitalar que promove a desnatação e a consequente saída dos utentes do sistema? Não se pode continuar transferir para as administrações o ónus da escolha entre a prestação de cuidados de saúde necessários à população e a viabilização financeira da instituição.
Sempre pensei que a causa das pessoas de bem que participam neste blogue, é a defesa de uma instituição que continua a manter viva a chama da sua polémica continuidade.
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