Uma semana depois de abrir ao público, mostrando a enorme procura e falta que esta Unidade estava a fazer à Região Centro, a Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença, já tem 3 (TRÊS) doentes hospitalizados.
Este é mais um sucesso do fabuloso Conselho de Administração e da sua estratégia, naturalmente avalizada pela Administração Regional de Saúde, que assim vem dar cobertura ao grande estratega da Medicina de Reabilitação na Região Centro, Dr. Santana Maia.
terça-feira, 31 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
CRITÉRIOS DE ADMISSÃO NA UCC DO CMRRC
A pedido de um leitor insiro aqui os critérios de admissão na UCC do CMRRC.
Apesar de serem públicos, ainda não são do conhecimento colectivo.
Os critérios que não são selectivos, são vagos de maneira a permitir seleccionar os utentes, o que sempre foi um "modus faciendi" na mais pura tradição Santanista; haja seguidores, pois assim não passam fome.
Apesar de serem públicos, ainda não são do conhecimento colectivo.
Os critérios que não são selectivos, são vagos de maneira a permitir seleccionar os utentes, o que sempre foi um "modus faciendi" na mais pura tradição Santanista; haja seguidores, pois assim não passam fome.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
ESTÁ O SNS EM RISCO???
É hoje frequente falar e ouvir falar da sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e das ameaças e responsabilidades duns e doutros.
Mas este discurso reporta-se apenas à sustentabilidade financeira, tal como as preocupações que podemos ter em relação à Justiça e ao Ensino, considerando que o SNS também é sustentado pelo Orçamento Geral do Estado. Assim, se o país produzir riqueza teremos dinheiro para as estruturas que asseguram a continuidade das funções do Estado; se o país viver de empréstimos ficam ameaçados os serviços básicos de apoio à comunidade.
Mas há outras ameaças ao SNS, que a bem dizer já não são ameaças mas realidades. Estou a falar da organização da rede pública hospitalar de serviços de saúde. A qualidade dos serviços de saúde não resulta da soma das fracções que a constituem, mas sim do enriquecimento que é consequência da potenciação na interacção das partes intervenientes num contexto de complementaridade, realização e satisfação profissional do profissionais envolvidos.
Esta qualidade e complementaridade foi adquirida ao longo dos últimos trinta anos graças ao esforço e empenhamento de muitos profissionais, vinculados a princípios de intervenção comunitária e social desenvolvidos a partir de 1974.
A implementação dos Hospitais EPE trazia consigo a esperança de flexibilizar o regime de gestão então existente, baseado numa Administração Pública burocrática, lenta e pesada; trazia a esperança de promover uma utilização mais rentável dos recursos instalados, adoptando filosofias de gestão mais modernas e já utilizadas no sector privado.
No entanto o paradigma do funcionamento (e do financiamento) dos hospitais deixou de se basear na qualidade dos serviços (de facto, não na teoria) adequados às necessidades das populações, e passou a basear-se exclusivamente nos números da produção contractualizada, gerando efeitos secundários perversos para as finanças públicas e para os utentes:
- A partir do momento em que a avaliação dos serviços teve como base a estatística da sua produção (não ponderada por auditorias de qualidade regulares), todos os actos (mesmo irrelevantes e sem consequências no processo terapêutico) passaram a ser contabilizados, aumentando o volume de facturação da instituição;
- A indução da produção começou a ser efectuada pelas próprias estruturas hospitalares, mais interessadas na quantidade produzida do que na sua real adequação às necessidades dos utentes; em consequência, aumentou o consumo de consultas, de meios complementares de diagnóstico, de terapêuticas sem fim (nem proveito real), de transportes medicalizados deixando a enganadora sensação de rentabilidade.
- A produção dos actos cirúrgicos cresceu, independentemente do timing adequado para a sua realização; para além do interesse objectivo das instituições hospitalares neste aumento de produção, este sistema permitiu alimentar um sector privado que se veio sustentando na incapacidade hospitalar de dar resposta às necessidades que ele próprio criou. Os mesmo agentes, trabalhando dos dois lados da barreira, encarregaram-se de ir alimentando este círculo vicioso.
Este funcionamento desregrado, não controlado, maliciosamente utilizado nalguns casos, ao serviço da produção por objectivos desvirtuou o funcionamento dos Hospitais Públicos integrados no SNS. Os doentes são estudados e avaliados nos hospitais para em seguida serem entregues, qual carne limpa, para tratamento e cirurgias no sector privado, mantendo o garante hospitalar para as consequências nefastas tardias. Estes procedimentos conduzem progressivamente à desvirtuação dos Hospitais Públicos, que passam a ter produções com preços unitários elevados (quando comparadas com as entidades privadas que só fazem o acto técnico financeiramente interessante, pois o resto foi assumido a montante).
Esta lógica maquiavélica põe em causa a estrutura organizacional das unidades elementares da produção hospitalar: os serviços médico-cirúrgicos. Esta sim é a verdadeira ameaça ao Sistema Nacional de Saúde, vem de dentro e foi gerada pelo próprio Ministério.
Para este desvirtuar dos Serviços contribuiu também (nalguns hospitais EPE) a criação de Departamentos, sem afinidades técnicas, sem complementaridades, acrescentando apenas uma estrutura de comando intermédia entre as Direcções de Serviço e os Conselhos de Administração. Estas estruturas intermédias de chefia permitiram criar chefias inoperantes e mais dispendiosas (mais um Director e mais um Administrador) que a organização que as precedeu.
Foi um engordar da organização hospitalar em pseudo-controlos de custos e de produção para promover amigos e imobilizar as estruturas elementares da organização hospitalar tradicional: os serviços médicos (no sentido lato).
Assim se produzem mais actos, se produz menos saúde, se agravam os custos da saúde e se desmantelam os serviços clínicos hospitalares, em nome da gestão promovida pelos gurus que afundaram a economia mundial.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
O DOWNGRADE DO CMRRC ROVISCO PAIS
“O Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro - Rovisco Pais, foi criado pelo Decreto-Lei nº. 203/96 de 23 de Outubro. A localização geográfica e os recursos naturais e logísticas foram aspectos fundamentais para a criação deste Centro, vocacionado para a prestação de cuidados diferenciados de reabilitação, readaptação e reintegração sócio-profissional dos deficientes e para o desenvolvimento de actividades de ensino e investigação.” SIC
O parágrafo anterior resume os objectivos daquela instituição de modo explícito e claro, traduzindo uma realidade sentida por todos os que trabalham, na Medicina de Reabilitação e que se empenharam por criar e colocar em funcionamento uma unidade que pudesse ser uma alternativa regional ao Centro de Medicina de Alcoitão.
As vicissitudes da politica nacional fizeram com que este Centro fosse liderado e implementado por alguém que nada sabia de Medicina de Reabilitação. Com a sua saída foi dada continuidade a esta tradição de privilegiar a ignorância, mantendo um CA e uma Direcção Clínica que nunca tinham trabalhado nesta área, nem na área da gestão hospitalar.
Com maus ingredientes, podem fazer-se boas receitas, normalmente com maus resultados gastronómicos.
Na próxima segunda-feira dia 23 vai iniciar a sua actividade (imperativos eleitorais a isso obrigam) a Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença do CMRRC.
Com isto vêm confirmar as minhas afirmações de que “aquele Conselho de Administração não tem nem nunca teve um plano estratégico para a implementação de uma unidade capaz de prestar cuidados diferenciados de Medicina de Reabilitação, tal como o país e a região necessitam”. Limitaram-se a dar continuidade às ideias do Dr. Santana Maia (a quem só falta ser nomeado Fisiatra Honoris Causa) e seguir o filão do dinheiro fácil, arquivando definitivamente o plano que esteve subjacente à reconversão do Hospital de Hansenianos.
Mas também outra atitude não era esperada pois tal CA foi nomeado na melhor tradição coimbrinha em que o pressuposto de que um Doutor da Universidade de Coimbra nem precisa de trabalhar na área porque é senhor do conhecimento universal e pode desempenhar qualquer tarefa (nem que seja com uma dúzia de assessores, que seguem como carneirinhos – o poder do conhecimento académico).
No meio desta arrogância e desta ignorância constata-se também que é a própria tutela (regional) que não exerce efectivamente a sua missão, servindo apenas de elo entre os Ministérios e as instituições, o que permite assegurar mais uns quantos ordenados e mordomias, em vez de ser uma instância qualificada e conhecedora das necessidades e existências das populações.
Perguntar-se-á porque não pode o Rovisco Pais ter uma Unidade de Cuidados Continuados (UCC). Pode, mas não é a mesma coisa. Em primeiro lugar porque a actividade destas unidades não integra a missão da instituição e porque não vem dar resposta a uma necessidade real dos doentes nem das instituições de que serve de referência.
Os cuidados diferenciados de MFR constituem uma necessidade que não está ao alcance de qualquer um, enquanto as UCC florescem pelo país, criadas e exploradas por simples IPSSs, sem tradição nem conhecimentos médicos diferenciados.
Para criar a ilusão da diferenciação, intitularam as UCC de UCC de AVCs e Traumatologia do aparelho locomotor. Como se não bastasse, criaram um a barreira de entrada impondo e exigindo de critérios de admissão e de selecção tais, que não se percebe se estamos a falar de um ghetto ou de um ressort, ou se são apenas desculpas para ter a Unidade às moscas.
Em conclusão, à falta de promover o nível de diferenciação que se esperava daquela instituição, criou-se um Serviço para fazer concorrência às UCCs existentes, quando têm o mercado da diferenciação completamente disponível, à espera que dêem resposta atempada às necessidades existentes.
Enfim, fazem o que sabem e nós somos um pais muito exigente quanto aos meios (sobretudo burocráticos) e muito pouco exigente quanto aos resultados e quanto à qualidade dos mesmos.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
PERGUNTAS AOS DEPUTADOS À AR PELO CIRCULO DE COIMBRA
Os diferentes partidos políticos começam a fazer a apresentação pública dos respectivos candidatos a Deputados à Assembleia da República. Mais do que saber quem são, importa saber quais as ideias que têm em relação a questões concretas que dizem respeito a Coimbra Cidade e Distrito.
Coimbra caracteriza-se por ser uma cidade e um Distrito de onde a indústria desapareceu progressivamente ao longo dos últimos anos e onde o sector imobiliário cresceu à custa da população da cidade e dos utilizadores dos serviços da cidade. Assim Coimbra vive centrada em dois sectores que são os serviços de saúde e o ensino, pelo que importa saber que ideias têm os nosso futuros candidatos sobre algumas das questões que afectam estes sectores, e em particular a saúde.
É sabido que por força de circunstâncias financeiras o Ministro das Finanças decidiu impor alterações organizacionais que vão ter consequências no equilíbrio da saúde da região centro construído ao longo dos últimos 40 anos.
Decidiu o Ministro das Finanças resolver uma querela antiga oferecendo de mão beijada ao inimigo, o corpo de um moribundo, para que ele o possa expor agonizante na praça pública. Estamos a falar de uma polémica de 40 anos que opõe a prática da medicina incluindo o ensino universitário ou não, que afastou o Professor Bissaya Barreto da sua casa mãe o Hospital da Universidade de Coimbra. Esta polémica perdeu importância com o passar dos anos, mas a divergência manteve-se e cada Hospital cultivou o seu modo próprio de estar e de intervir na comunidade. Com o passar dos anos também se tornou necessário reflectir sobre o lugar e a dimensão relativa de cada uma das instituições no panorama da Saúde na Região Centro. Várias tentativas foram feitas para tentar adaptar as existências à realidade actual, sem sucesso. Ninguém nunca quis assumir o ónus de promover aquela discussão dentro de casa (isto é no âmbito do Ministério da Saúde); quem tinha capacidade política para o fazer usou os seus trunfos para se reforçar nas instituições, empurrando com a barriga a discussão necessária sobre esta questão. Neste contexto, o Ministério das Finanças decidiu cortar a direito e criar Centro Hospitalares, tenham ou não sentido clínico, sejam ou não complementares, haja ou não ganhos em termos de saúde para as populações, desde que se cortem algumas Administrações. Decisão para inglês ver, uma vez que os ganhos efectivos esperados não deveriam ser apenas os dos salários dos Administradores, mas sim aqueles que resultariam de um mudança no funcionamento das instituições em termos de complementaridades e de racionalização dos recursos técnicos instalados ou a instalar.
Esta avaliação, que deveria ser realizada no âmbito das autoridades regionais de saúde, ou nunca foi efectuada, ou foi realizada no sótão de alguns cidadãos de Coimbra que não representam de facto, todas as partes interessadas no planeamento do funcionamento das instituições hospitalares.
Assim foi parida uma proposta de criação de um Centro Hospitalar Universitário de Coimbra que se resume à ampliação do actual Hospital da Universidade de Coimbra, perdendo os ganhos esperados de uma estrutura de Centro Hospitalar.
Concluo isto porque as medidas anunciadas para o dito CHUC incluem a eliminação de redundâncias o que significa a extinção de metade dos serviços existentes num dos Hospitais uma vez que as duplicações são evidentes: neurologia, neurocirurgia, medicina interna, fisiatria, cardiologia, infecciosas, urgências, ortopedia, ginecologia, obstetrícia, radiologia, oftalmologia, psiquiatria, cirurgia, .... Noutros casos a fusão de serviços iria permitir incorporar nos HUC áreas de que eles carecem como a pediatria, a hematologia, a otorrino...
Trata-se assim de facto de uma extinção de uma unidade de produção sem medir as consequências para as populações nem para o Serviço Nacional de Saúde.
No entanto, não é mais possível continuar a ignorar a realidade que é a necessidade de reorganizar as instituições para as adequar à nova realidade no panorama da saúde na região centro e no país.
Porque juntar três unidades de igual nível, com diferenciação técnica idêntica, apenas com diferenças nos meios disponíveis e na realidade de ser escolar ou não?
Porque não juntar unidades grandes (HUC, CHC, CHP, HST, HSA, ...) a unidades de pequena ou média dimensão (H. Cantanhede, Pombal, Águeda, Rovisco Pais, Figueira da Foz, Tondela ....) usufruindo das complementaridades, melhorando a qualidade assistencial e rentabilizando a capacidade instalada? Porque a decisão foi tomada na instância errada. Mas o Ministério da Saúde (através da ARS) já teve tempo para estudar e apresentar alternativas, que não hostilizem os quadros institucionais, que não criem conflitos, que melhorem os cuidados e que rentabilizem os meios existentes, gerando uma verdadeira poupança de recursos. Não me parece que o encerramento de unidades de produção seja uma via de poupança. Mas se o Ministério da Saúde não trouxe a público medidas alternativas eu gostava de saber o que pensam os nossos candidatos a deputados desta decisão e das suas alternativas, cujas consequências para a economia e para a capacidade instalada no Distrito não são negligenciáveis.
Coimbra caracteriza-se por ser uma cidade e um Distrito de onde a indústria desapareceu progressivamente ao longo dos últimos anos e onde o sector imobiliário cresceu à custa da população da cidade e dos utilizadores dos serviços da cidade. Assim Coimbra vive centrada em dois sectores que são os serviços de saúde e o ensino, pelo que importa saber que ideias têm os nosso futuros candidatos sobre algumas das questões que afectam estes sectores, e em particular a saúde.
É sabido que por força de circunstâncias financeiras o Ministro das Finanças decidiu impor alterações organizacionais que vão ter consequências no equilíbrio da saúde da região centro construído ao longo dos últimos 40 anos.
Decidiu o Ministro das Finanças resolver uma querela antiga oferecendo de mão beijada ao inimigo, o corpo de um moribundo, para que ele o possa expor agonizante na praça pública. Estamos a falar de uma polémica de 40 anos que opõe a prática da medicina incluindo o ensino universitário ou não, que afastou o Professor Bissaya Barreto da sua casa mãe o Hospital da Universidade de Coimbra. Esta polémica perdeu importância com o passar dos anos, mas a divergência manteve-se e cada Hospital cultivou o seu modo próprio de estar e de intervir na comunidade. Com o passar dos anos também se tornou necessário reflectir sobre o lugar e a dimensão relativa de cada uma das instituições no panorama da Saúde na Região Centro. Várias tentativas foram feitas para tentar adaptar as existências à realidade actual, sem sucesso. Ninguém nunca quis assumir o ónus de promover aquela discussão dentro de casa (isto é no âmbito do Ministério da Saúde); quem tinha capacidade política para o fazer usou os seus trunfos para se reforçar nas instituições, empurrando com a barriga a discussão necessária sobre esta questão. Neste contexto, o Ministério das Finanças decidiu cortar a direito e criar Centro Hospitalares, tenham ou não sentido clínico, sejam ou não complementares, haja ou não ganhos em termos de saúde para as populações, desde que se cortem algumas Administrações. Decisão para inglês ver, uma vez que os ganhos efectivos esperados não deveriam ser apenas os dos salários dos Administradores, mas sim aqueles que resultariam de um mudança no funcionamento das instituições em termos de complementaridades e de racionalização dos recursos técnicos instalados ou a instalar.
Esta avaliação, que deveria ser realizada no âmbito das autoridades regionais de saúde, ou nunca foi efectuada, ou foi realizada no sótão de alguns cidadãos de Coimbra que não representam de facto, todas as partes interessadas no planeamento do funcionamento das instituições hospitalares.
Assim foi parida uma proposta de criação de um Centro Hospitalar Universitário de Coimbra que se resume à ampliação do actual Hospital da Universidade de Coimbra, perdendo os ganhos esperados de uma estrutura de Centro Hospitalar.
Concluo isto porque as medidas anunciadas para o dito CHUC incluem a eliminação de redundâncias o que significa a extinção de metade dos serviços existentes num dos Hospitais uma vez que as duplicações são evidentes: neurologia, neurocirurgia, medicina interna, fisiatria, cardiologia, infecciosas, urgências, ortopedia, ginecologia, obstetrícia, radiologia, oftalmologia, psiquiatria, cirurgia, .... Noutros casos a fusão de serviços iria permitir incorporar nos HUC áreas de que eles carecem como a pediatria, a hematologia, a otorrino...
Trata-se assim de facto de uma extinção de uma unidade de produção sem medir as consequências para as populações nem para o Serviço Nacional de Saúde.
No entanto, não é mais possível continuar a ignorar a realidade que é a necessidade de reorganizar as instituições para as adequar à nova realidade no panorama da saúde na região centro e no país.
Porque juntar três unidades de igual nível, com diferenciação técnica idêntica, apenas com diferenças nos meios disponíveis e na realidade de ser escolar ou não?
Porque não juntar unidades grandes (HUC, CHC, CHP, HST, HSA, ...) a unidades de pequena ou média dimensão (H. Cantanhede, Pombal, Águeda, Rovisco Pais, Figueira da Foz, Tondela ....) usufruindo das complementaridades, melhorando a qualidade assistencial e rentabilizando a capacidade instalada? Porque a decisão foi tomada na instância errada. Mas o Ministério da Saúde (através da ARS) já teve tempo para estudar e apresentar alternativas, que não hostilizem os quadros institucionais, que não criem conflitos, que melhorem os cuidados e que rentabilizem os meios existentes, gerando uma verdadeira poupança de recursos. Não me parece que o encerramento de unidades de produção seja uma via de poupança. Mas se o Ministério da Saúde não trouxe a público medidas alternativas eu gostava de saber o que pensam os nossos candidatos a deputados desta decisão e das suas alternativas, cujas consequências para a economia e para a capacidade instalada no Distrito não são negligenciáveis.
terça-feira, 3 de maio de 2011
SÓCRATES OUTRA VEZ? NÃO OBRIGADO II.
Nos últimos 20 anos (+) tenho trabalhado em Hospitais do Serviço Nacional de Saúde que tratavam doentes, tinham pouco dinheiro, tinham dificuldades para investimentos, mas tinham humanidade nos cuidados, interessavam-se pelas pessoas e pelo seu estado de saúde.
Veio o Ministro da Saúde Luís Filipe Pereira e os Hospitais começaram a transformar-se em entidades SA (Sociedades Anónimas). O PS criticou e veio o Ministro Correia de Campos que fez mais do mesmo com outro nome: passaram a entidades EPE (Entidade Pública Empresarial).
O que mudou? TUDO.
Os doentes passaram a ser utentes.
Os Hospitais passaram a centros de intermediação de doentes.
O produto contabilizado à saída deixou de ser "melhoria do estado de saúde" e passou a ser "actos produzidos".
Melhorou? CLARO. Vejamos como?
Os Hospitais EPE passaram a ter dinheiro para investir (e agravar o défice do sector).
O pessoal de saúde começou a ganhar mais (aderiu aos sistemas de combate às listas de espera e resolveu as que existiam e as dos próximos 10 anos, agravando o défice do sector).
Os administradores passaram a ganhar melhor por conseguir por estes preguiçosos a produzir mais (agravando o défice do sector).
Produziram-se mais actos (o que não significa que se trataram mais doentes) (agravando o défice do sector).
Viabilizaram-se os hospitais e clínicas privadas com cheques emitidos nos Hospitais Públicos (agravando o défice do sector).
Os Hospitais encheram-se de burocratas, admitidos para "organizar" as instituições (e empregar os amigos) e os profissionais de saúde começaram a sair (agravando o défice do sector).
Resumindo, nos Hospitais passou viver-se acima das capacidades (veja-se o défice das contas da maioria dos Hospitais EPE), para se produzir menos saúde, para viabilizar os negócios da Banca/Hospitais, para alimentar os boys colocados em lugares onde nada fazem, para aumentar a produção de actos cirúrgicos (mesmo que desnecessários) ou de consultas e meios complementares de diagnóstico (mesmo que desnecessários).
Este é o Sistema Nacional de Saúde que queremos continuar a ter? Este é o Estado Social que queremos preservar? Então vamos precisar de mais joelhos, mais ancas, mais cataratas para operar, porque cada cidadão só tem dois de cada e já poucos restam para operar. É pena que a Medicina Dentária esteja fora do SNS, uma vez que o número de dentes de cada cidadão daria para prolongar as listas de espera (e respectivos SIGICS ou aparentados) por mais 10 anos.
Haja quem pague (afinal estão 80 mil milhões a caminho, pois estes Ministros só sabem gerir com muito dinheiro para gastar) e quem vier atrás que feche a porta.
Veio o Ministro da Saúde Luís Filipe Pereira e os Hospitais começaram a transformar-se em entidades SA (Sociedades Anónimas). O PS criticou e veio o Ministro Correia de Campos que fez mais do mesmo com outro nome: passaram a entidades EPE (Entidade Pública Empresarial).
O que mudou? TUDO.
Os doentes passaram a ser utentes.
Os Hospitais passaram a centros de intermediação de doentes.
O produto contabilizado à saída deixou de ser "melhoria do estado de saúde" e passou a ser "actos produzidos".
Melhorou? CLARO. Vejamos como?
Os Hospitais EPE passaram a ter dinheiro para investir (e agravar o défice do sector).
O pessoal de saúde começou a ganhar mais (aderiu aos sistemas de combate às listas de espera e resolveu as que existiam e as dos próximos 10 anos, agravando o défice do sector).
Os administradores passaram a ganhar melhor por conseguir por estes preguiçosos a produzir mais (agravando o défice do sector).
Produziram-se mais actos (o que não significa que se trataram mais doentes) (agravando o défice do sector).
Viabilizaram-se os hospitais e clínicas privadas com cheques emitidos nos Hospitais Públicos (agravando o défice do sector).
Os Hospitais encheram-se de burocratas, admitidos para "organizar" as instituições (e empregar os amigos) e os profissionais de saúde começaram a sair (agravando o défice do sector).
Resumindo, nos Hospitais passou viver-se acima das capacidades (veja-se o défice das contas da maioria dos Hospitais EPE), para se produzir menos saúde, para viabilizar os negócios da Banca/Hospitais, para alimentar os boys colocados em lugares onde nada fazem, para aumentar a produção de actos cirúrgicos (mesmo que desnecessários) ou de consultas e meios complementares de diagnóstico (mesmo que desnecessários).
Este é o Sistema Nacional de Saúde que queremos continuar a ter? Este é o Estado Social que queremos preservar? Então vamos precisar de mais joelhos, mais ancas, mais cataratas para operar, porque cada cidadão só tem dois de cada e já poucos restam para operar. É pena que a Medicina Dentária esteja fora do SNS, uma vez que o número de dentes de cada cidadão daria para prolongar as listas de espera (e respectivos SIGICS ou aparentados) por mais 10 anos.
Haja quem pague (afinal estão 80 mil milhões a caminho, pois estes Ministros só sabem gerir com muito dinheiro para gastar) e quem vier atrás que feche a porta.
domingo, 1 de maio de 2011
SÓCRATES OUTRA VEZ? NÃO OBRIGADO.
Vou tentar resumir algumas das razões pessoais que me levarão a não votar Sócrates. Quando digo pessoais quero dizer que não são razões suportadas em artigos de opinião de jornalistas, de comentadores políticos ou mesmo de especialistas em qualquer área económica ou social. As razões que me levam a NÃO VOTAR SÓCRATES, prendem-se apenas com aquilo que foi a minha vivência pessoal nos últimos 4 anos.
Em Outubro de 2006 fui para o Centro de Medicina de Reabilitação do Centro Rovisco Pais, para evitar o pior para a insitiuição, uma vez que mais ninguém quis assumir as funções que eu fui desempenhar.
Quando o CMRRC passou a ter médicos, abriu novas valências, adquiriu idoneidade formativa para a Especialidade de MFR, fui "saneado" no verdadeiro sentido da palavra.
Recorri ao Conselho de Administração, fui ouvido na Assembleia da República, falei com o Presidente da Administração Regional de Saúde (por telefone, uma vez quer nunca me quis receber), enviei emails à Ministra da Saúde, ao Primeiro Ministro e nenhuma desta instâncias deu valor às queixas de um cidadão que estava a ser maltratado pelo SISTEMA.
Enveredei pela via judicial e ganhei o processo em todas as instâncias, incluindo o Supremo Tribunal Administrativo. Apesar de tudo, o acórdão desta última instância ainda não foi aplicado, o que significa que a justiça está por aplicar.
Regressei ao meu lugar de origem (Chefe de Serviço no Centro Hospitalar de Coimbra) tendo sido colocado na prateleira, uma vez que as minhas competências profissionais e o meu tempo de trabalho continuam sub-aproveitados, por decisão do Director de Serviço (?), com o conhecimento e consentimento dos superiores hierárquicos.
Estes factos não são passíveis de serem manipulados pela informação e contra-informação. O Conselho de Administração que praticou estes actos está em regime de gestão corrente; eu continuo a receber o meu ordenado, a desempenhar as minhas funções a meio gás e o Director de Serviço propõe a contratação de mais três médicos, quando nem sequer tem trabalho para me atribuir.
Será possível continuar com mais do mesmo? Eles não ouvem os cidadãos, só querem o seu voto para depois se ouvirem uns aos outros. CHEGA.
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