De facto, depois de tudo o que fiz para estar em condições de
reclamar o lugar de Assistente Graduado Sénior naquele Centro, chegou o momento
de dizer que não vou apresentar-me para as provas de seleção marcadas para o
dia 13/02/2015.
Em 2006 o CMRRC foi um desafio; em 2009 foi uma afronta e
agora deixa de ser um objetivo da minha vida profissional. Depois de ter
contestado os critérios de avaliação, o que obrigou à sua revisão e nova publicação,
hoje não estou motivado para levar esta candidatura até ao fim. Já à data da
candidatura tinha dúvidas, mas recebi incentivos e manifestações de carinho de
alguns dos profissionais com quem trabalhei que me estimularam a concorrer.
Porquê?
Depois das várias experiências da minha vida profissional,
sobretudo desta mais recente, acabo por compreender que nada tenho a beneficiar
com o preenchimento do referido lugar.
A diferença do paradigma e das práticas é tal que cada vez
estou mais desajustado dos desideratos das administrações que sucessivamente
têm gerido aquele Centro, bem como da falta de interesse que os diferentes
Governos lhe têm dedicado.
Além da falta de interesse atual junta-se a falta de
confiança nas instituições. O atual Conselho de Administração é conivente com a
metodologia do presente concurso. A Justiça é ineficaz: a minha contestação de
2008, ganha até ao Supremo Tribunal Administrativo, ainda não foi objecto de
execução (6 anos depois).
Na melhor das hipóteses o resultado do meu concurso iria
terminar em mais uma contestação, que iria levar 10 anos a decidir, que me iria
custar mais uns quantos milhares e que não daria qualquer satisfação por se
concluir fora de tempo útil. Sim porque o dito concurso tem um defeito de nascença: nomearam o júri depois de conhecer os candidatos!! Sim porque o cozinhado está feito e o resultado é
previsível desde a definição e publicação dos critérios de avaliação.
Tudo isto
só para continuar a ser a pedra no sapato de alguns infelizes que correm atrás
deste lugar recorrendo a todos os meios? Assim sendo a única motivação possível para me apresentar às
provas seria a de persistir na contestação, prolongando o tempo de execução do
concurso por mais uns quantos anos. Mas esta é a atitude que eu mais critico
que passa pelo adiamento sucessivo de tudo o que são decisões ou execuções,
pelo que vou fazer feliz aqueles que me infernizaram a vida durante os últimos
6-7 anos, permitindo que “tranquilamente” possam concretizar o sonho que
perseguem desde há pelo menos 6 anos.
O simples facto de saberem que eu continuo a
existir e a trabalhar algures no mundo e a ser reconhecido como profissional de
qualidade, chega para lhes estragar a digestão. Até mesmo a minha ausência nas provas vai
dar alguma insatisfação, pois não vão ter a oportunidade visada de tentar o meu
enxovalho público.
Esta atitude não representa um abandono das possibilidades de
vir a exercer a Medicina em Portugal, quando e onde for preciso, mesmo no
Rovisco Pais. No entanto noutro contexto e num projeto de mudança. Não viro as
costas a um desafio; é preciso que ele o seja de facto e que estejam reunidas
as condições para a mudança.
Descobri o seu blog hoje e li-o quase de uma enfiada. É triste o retrato que faz da saúde e de todas as guerrilhas burocráticas e pessoais, mas infelizmente é esta a realidade em todas as instituições de saúde. Temos mesmo de resistir, numa luta diária contra tudo e contra todos para dia a dia podermos exercer o nosso ofício com ética e dignidade e sempre no melhor interesse do doente. É cada vez mais difícil...felicito-o pela sua luta que é um exemplo de força e resistência. Ana jeronimo - internista
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário Ana Jerónimo. O blogue tem andado um pouco esquecido, mas não é por falta de noticias. Às vezes parece que cai tudo em saco roto.
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